Apresentar aos alunos a história do Antigo Egito
Reportagem de Veja
Introdução
A grandeza da civilização egípcia, com suas pirâmides misteriosas, faraós poderosos e mulheres de infinita beleza, continua a despertar a curiosidade mundial. VEJA noticia que um grupo de pesquisadores ingleses acredita ter identificado a múmia de Nefertiti, a mais bela rainha das terras do rio Nilo, morta há 3300 anos. Os egiptólogos põem em xeque a veracidade da descoberta com argumentos históricos.
E agora? Estamos diante dos restos da musa coroada cuja beleza era capaz de causar inveja às deusas ou trata-se de outra jovem menos nobre, contemporânea de Amenófis IV (ou Akhenaton)? Use o texto em classe e discuta com a turma como é difícil obter uma resposta precisa para essa pergunta. Ensine, também, que é por meio dessas sucessivas controvérsias que o conhecimento científico se desenvolve ao longo do tempo.
Faça cópias do texto do quadro abaixo e distribua para a turma e pergunte quais são as principais curiosidades ligadas ao antigo Egito. Provavelmente serão citadas as pirâmides e a esfinge da planície de Gizé ou o mistério em torno da morte de Cleópatra. Mas por que a história egípcia fascina o mundo há tanto tempo? Ouça as opiniões e lembre que, até o final do século XIX, todas as informações disponíveis sobre os egípcios eram de autoria do historiador grego Heródoto. Em 1799, um integrante do exército do imperador francês Napoleão Bonaparte descobriu a pedra de Rosetta, um bloco de basalto repleto de inscrições hieroglíficas na escrita demótica (variante da egípcia) e grega sobre o coroamento de um faraó. Imaginando que o texto grego era a tradução das inscrições, o pesquisador Jean-François Champollion (1790-1832) conseguiu decifrar o documento histórico e deu outro sentido ao entendimento do Egito. Explique que, desde então, a arqueologia ganhou novo impulso na tentativa de esclarecer o passado da humanidade.
Destaque os trechos da reportagem que dão pistas da grandiosidade da cultura egípcia, tais como a riqueza das múmias e o culto à morte. Ajude a turma a perceber que a prosperidade tinha por base o controle das cheias do rio Nilo, o uso de canais de irrigação e os avanços técnicos na agricultura. Ressalte que, sem a produção de um excedente econômico em larga escala, as várias dinastias que governaram o território não poderiam ter desenvolvido uma cultura tão sofisticada. A base das relações de produção era o campesinato livre, que pagava tributos ao Estado, instituição que era personificado na figura do faraó.
Explore a polêmica em torno da múmia de Nefertiti e conte que as descobertas arqueológicas nem sempre são consensuais (as informações do quadro ao lado servem de subsídio para a discussão). Afinal, o conhecimento científico não progride sem controvérsias. Recentemente, as comemorações oficiais em torno do centenário da abolição da escravatura, em 1988, e dos 500 anos do Brasil, em 2000, não conseguiram esconder essas divergências. Foram violentos e marcantes os protestos de duas etnias que se consideram discriminadas ao longo da história: negros e índios.
Traga a discussão para o presente. No último conflito no Iraque, por exemplo, houve destruição e até mesmo pilhagem de centenas de peças das civilizações mesopotâmias guardadas nos museus daquele país. Relacione a expansão capitalista na região com o aumento do interesse por peças arqueológicas e a posterior transferência desse acervo cultural para os museus da Europa e dos Estados Unidos. O que a turma pensa desse gesto? Informe que a pedra de Rosetta, hoje, está no Museu Britânico, em Londres.
Oriente uma pesquisa sobre a organização social, política e econômica do antigo Egito. Outro tema interessante, que pode ser pesquisado em jornais, revistas e na internet, é o impacto dos saques arqueológicos promovidos no Iraque e a conseqüente perda cultural. De posse dos resultados, os estudantes podem apresentar trabalhos em forma de redação ou promover um seminário.
Proponha um debate sobre o confronto entre monoteísmo e politeísmo no reinado de Akhenaton, com base na reportagem de VEJA e nas pesquisas dos alunos. Informe que esse faraó escreveu textos em louvor de Aton, o deus-sol, que atravessaram séculos. Um deles, considerado uma homenagem ao deus Aton, também pode ser visto como um hino de amor à sua linda esposa Nefertiti:
"Vou respirar o doce hálito da tua boca. A cada dia, vou contemplar a tua beleza. (...) Dá-me tuas mãos, carregadas de teu espírito, a fim de que eu receba e viva por ele. Chama o meu nome no decorrer da eternidade: ele jamais faltará ao teu apelo!"
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